segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

MASTER AND COMMANDER - O LADO LONGÍNQUO DO MUNDO (2003)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Master and Commander - The Far Side of the World
Realização: Peter Weir
Principais Actores: Russell Crowe, Paul Bettany, James D`Arcy, Edward Woodall, Chris Larkin, Max Pirkis, Jack Randall, Tony Dolan, David Threlfall, Billy Boyd

Crítica:

CAPITÃO DE MAR E GUERRA

I had no idea that a study of nature
could advance the art of naval warefare.

1805. Ao largo da costa norte do Brasil, navega a H. M. S. Surprise. A bordo, 28 armas, 197 almas. O vento sopra sobre a aparente acalmia do oceano. Da escuridão do convés ao nevoeiro que encobre as cordas e as gáveas dos mastros, uma tripulação sempre suada mas atenta. Dormem os canhões e a artilharia, ondula a bandeira, hasteada pela pátria. Do balaústre da popa ao tombadilho, lançam-se os prumos sobre o horizonte, misterioso, até à proa. O diário dá conta de mais um dia de Nosso Senhor. Toca o sino. O cacarejar de uma galinha interrompe um silêncio duradouro. Ressoa a madeira do navio, em ruídos vários. She's not old; she's in her prime. Ao serviço da Marinha Real Britânica, a tripulada embarcação tem uma missão: perseguir e interceptar a poderosa fragata Acheron que, às ordens de Napoleão, expande a guerra e os seus interesses aos sete mares.

No comando, o amado Capitão Jack Aubrey, que nem por uma só vez conheceu a derrota, até à data. Captain's not called Lucky Jack for no reason. Apesar da sua longa experiência, jamais se deixou corromper pelo poder ou pela autoridade. É um homem ponderado e bem humorado, que sustém as suas decisões entre a razão e o bom senso. Daí, certamente, o respeito e a admiração que a vasta tripulação tanto tem para com ele. Liderar quase duas centenas de homens num espaço tão limitado e apertado como o Surprise, durante meses a fio e em alto mar, é, afinal, uma tarefa que, cumprida com tão considerável êxito, não pode ser empreendida por qualquer um.

Capt. Jack Aubrey: Do you see those two weevils doctor? (...) Which would you choose?
(...)
Dr. Stephen Maturin: I would choose the right hand weevil; it has... significant advantage in both length and breadth. (...)
Capt. Jack Aubrey: There, I have you! You're completely dished! Do you not know that in the service... one must always choose the lesser of two weevils.


É um mundo de homens, este de Master and Commander. Mulheres a bordo, aliás, seriam sempre interpretadas como um mau augúrio. Imagine-se, pois, a pressão e a tensão que não seria viver cada dia longe da mulher e das amantes. Ao largo da costa brasileira, o olhar que Aubrey lança à estrangeira, aquando das trocas comerciais, é por demais revelador. Um olhar carregado de desejo, de desejo e de lembrança da sua amada Sophie, à qual endereça as cartas que escreve. Um mundo de homens e de crendices. O diabo surgia-lhes frequentemente, nas mais variadas formas. Fosse o canto de uma baleia ou a ira de uma vaga imponente, a religião e a imaginação fundiam-se no passar dos dias e das noites. Servir o país num fantasma flutuante que apenas despertava para o fervor da refrega e para a luta desleal contra a revolta da natureza era... uma vida dura. HOLD FAST, lembram as tatuagens nos dedos do velho e supersticioso Joe Plaice.

Quando se quebra o mastro, no clamor da tempestade, e se tem que decidir a morte de alguém em prol da armada, quando se sofre as feridas do corpo e da alma... a sombra do suicídio, o espectro da morte ali, sempre presente. O medo. Recorrendo às mais engenhosas artimanhas, qual phasmidae na empresa final, Aubrey e os seus homens enfrentam a adversidade, vezes sem conta, tentando virar o vento a seu favor. Entre a rotina e o imprevisível, a interminável espera de oficiais e marinheiros, sempre embriagados ou ressacados. Ao fim e ao cabo, a dimensão humana sobressai da tragédia e do tédio daqueles seres, que navegam no Inferno. For England, for home, and for the prize!

England is under threat of invasion, and though we be on the far side of the world, this ship is our home. This ship, is England. So it's every hand to his rope or gun, quick's the word and sharp's the action. After all... surprise is on our side.

A cada vez que o queijo tostado sai do forno, os arcos descem sobre as cordas. Aubrey, com o seu violino, e o cirurgião Stephen Maturin, com o seu violoncelo. Boccherini, La Musica Notturna delle Strade di Madrid. Nº 6, Op. 30. Há muito que são amigos e camaradas, num equilíbrio raramente perturbado. Maturin é um pacifista, um estudioso da ciência e um curioso da natureza. Crowe já nos deu performances mais expressivas, é evidente, mas ainda assim não compromete a solidez de todo o elenco. Paul Bettany, por exemplo, tem uma das melhores interpretações da sua carreira.

The deaths in actual battle are the easiest to bear. For my own part, those who die under my knife, or from some subsequent infection, I have to remind myself that it was the enemy that killed them, not me.
Dr. Stephen Maturin

A proximidade das Galápagos, das Ilhas Encantadas, possibilita uma curta e atribulada expedição e investigação às suas mais variadas e nunca dantes identificadas formas de vida. Entre iguanas e escaravelhos, uma paisagem tão fértil quanto estéril, de extremos. Bach, prelúdio da Suite Nº 1 em Sol Maior para violoncelo. Os primórdios da evolucionismo, a décadas de Darwin. Aubrey garante ao médico uma estadia mais prolongada no arquipélago, mas as voltas e reviravoltas da intriga adiam, uma e outra vez, a promessa.

Capt. Jack Aubrey: Well, Stephen... the bird's flightless?
Dr. Stephen Maturin: Yes.
Capt. Jack Aubrey: It's not going anywhere.

Deste modo, Master and Commander - O Lado Longínquo do Mundo une e adapta - magistralmente - dois dos mais incontornáveis títulos da saga marítima de Patrick O'Brian. O espírito dos livros - digo-o com conhecimento e com entusiasmo - está todo no filme, desde a autêntica e fascinante viagem no tempo ao mais incrível cheiro de maresia. Por um lado, cabe o mérito à direcção artística (William Sandell, Robert Gould, Wendy Stites) que, com tremendo perfeccionismo e ínfimo detalhe, se encarregou do retrato e da reconstituição histórica, seja ela nos cenários, no figurino ou no acabamento e brilho dos instrumentos. Em seguida, à equipa que tão minuciosamente tratou o som e os efeitos sonoros (Richard King, Paul Massey, Doug Hemphill e Art Rochester), elementos que nos transportam em absoluto para a experiência do alto mar. Depois, ao absorvente esplendor da fotografia de Russell Boyd: um trabalho verdadeiramente deslumbrante e irrepreensível, no qual há frames que chegam a parecer quadros pintados a óleo. A banda sonora é tão erudita quanto sublime: para além das orquestrações acima mencionadas, as virtuosas composições de Arcangelo Corelli, Ralph Vaughan Williams e de Mozart, e as originais de Iva Davies, Christopher Gordon e de Richard Tognetti. Os efeitos digitais, por fim, aplicados subtil e discretamente à narrativa, revelam uma sofisticação notável. Master and Commander emana, por tudo isto, um realismo atroz, de contornos épicos, aliado a um requinte estético raramente alcançado.

Peter Weir concretiza, com mestria e serenidade, um clássico instantâneo. Certamente, uma das melhores sagas marítimas de todos os tempos, jamais filmadas.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

OS PÁSSAROS (1963)

PONTUAÇÃO: FRACO
Título Original: The Birds
Realização: Alfred Hitchcock

Principais Actores: Rod Taylor, Tippi Hedren, Jessica Tandy

Breves Considerações: De mestre, a condução do suspense e a composição de algumas sequências - entre as quais aquela que a imagem abaixo ilustra. No entanto, absolutamente negligenciados por uma história ridícula.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

UMBERTO D. (1952)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Umberto D.
Realização: Vittorio de Sica

Principais Actores: Carlo Battisti, Maria-Pia Casilio, Lina Gennari, Ileana Simova, Elena Rea, Memmo Carotenuto

Crítica:
O VELHO E O CÃO


Os tempos da velhice podem ser cruéis, sobretudo quando a conjuntura sócio-económica do país não é a mais favorável. Ao fim de uma vida de trabalho e de impostos, Umberto Domenico Ferrari (Carlo Battisti) vê-se ameaçado de despejo pela sua padrona di case, a insensível, arrogante e desumana Antónia, cantora lírica de vocação. Umberto aluga-lhe um quarto modesto que não mais consegue pagar, numa casa onde se acendem fósforos na parede e as formigas resistem ao fogo. Ao todo, o sexagenário deve 15 mil liras e tem até ao dia 30 do mês para liquidar o total da dívida acumulada.

Sem família, sem poupanças e com uma reforma miserável, vê-se na rua a lutar pela dignidade. Bens materiais, já quase não os tem. Vendeu-os, subentende-se. Desfaz-se agora, a custo, de um relógio de estimação. Quem o compra é o pedinte da esquina, por 3 mil liras; entre os pobres, talvez aquele com a fonte de rendimento mais fiável. Uma esmola, por caridade! Os livros, que durante toda a vida coleccionou - dotes do ofício, subentende-se uma vez mais - são vendidos como novos, por uma bagatela. Na verdade, Umberto não se encontra mais em posição de negociar. O dinheiro faz-lhe falta e por mais dinheiro que arranje, dificilmente conseguirá somar a considerável quantia em falta.

A manifestação com que abre o filme insere-nos directamente no contexto de crise e de contestação que o país atravessa. O protesto, que as autoridades se encarregam de dispersar e silenciar, deixa-nos antever que a culpa não é de Umberto. Ele é uma vítima do sistema, criteriosamente retratado pelas mãos de Vittorio de Sica, um dos expontes máximos do neo-realismo italiano que se insurgiu com o final da 2ª Grande Guerra. O pessimismo com que Sica se debruça sobre o Homem é por demais evidente. Em Umberto D., intensificam-se as dificuldades do velho, sem fim à vista, impossibilitando-se a sobrevivência na iminência da tragédia. Não há mais dinheiro para comer nem para curar a febre que o assola. Umberto está irremediavelmente só - o único alento que tem é o sorriso e a simpatia da empregada da casa, grávida de pai incógnito, a quem um dia dirá adeus, e o latir de Flike, companheiro de uma vida madrasta.

A banda sonora (Alessandro Cicognini), de cariz um tanto sentimentalista, entra em cena, no compasso certo da narrativa, reforçando a dramatização. A rodagem faz-se geralmente in loco e aquilo que a câmera capta é, como na arte do documentário, a exacta atmosfera em que histórias semelhantes à de Umberto têm lugar. A fotografia de G. R. Aldo pactua com as nuances e sensibilidades do movimento de câmera. Há um plano em especial que, defendo, faz o perfeito enquadramento do velho no contexto diegético que protagoniza: regressado a casa, depois de um internamento de dias no hospital (onde uma interesseira relação com as freiras se pode revelar vantajoso) e após a visita ao canil, onde se dá o aflitivo resgate de Flike, Umberto reencontra o quarto em obras. Um buraco enorme liga agora o seu quarto e a sala. A câmera avança da sala para o quarto, num chariot subtil. Umberto e Flike surgem-nos sobre a cama, emoldurados pelo enorme buraco. Penso que imagem mais expressiva e simultaneamente tão simbólica seria difícil de arquitectar. Ali jaz, emudecido pelo desespero, um velho sem mais vontade de viver. Não admira, pois, que pense no suicídio, que tente o suicídio. Do alto da janela ou no meio da linha férrea. Que triste, a noção de que a realidade não tem esperança. Perante a possibilidade da morte voluntária, por fim, a quem deixar o cão pelo qual nutre um sentimento tão forte e legítimo? E onde se arranja coragem para dizer adeus à única criatura que, durante anos, lhe fez companhia e partilhou consigo os momentos de um tremendo vazio humano? Grande cena, a da iniciação à mendigagem, no limiar da vergonha e da humilhação. Até Flike, sempre tão bem ensinado, tem nela uma participação especial.

O final é de partir o coração - o mais incrível de tudo é como Sica consegue a maior lição do filme a partir da relação entre o velho e... o cão. O cão, até aqui tomado como elemento essencial mas não central, assume-se como uma das personagens mais importantes de todo o filme, ao lado de Umberto, com personalidade própria. Se não com personalidade, pelo menos com motivação, habituação ou o que os demais pavlovianos quiserem chamar-lhe. A ternura e o coração das personagens resumidos à relação mais substimada e, ao mesmo tempo, mais importante. Magnífico filme.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

«AS INCONTESTÁVEIS» - Encerramento Oficial

2011 começou e o CINEROAD abriu, mais uma vez, o grande debate.
Dos cinéfilos mais passionais aos cinéfilos mais estudiosos, a participação foi massiva.
Em confronto, entraram as mais variadas e diferentes formas de estar na arte, no cinema.

Em discussão, o conceito de obra-prima, como que banalizado pela inconsciência com que, muitas vezes, expressamos as nossas opiniões. Obra-prima, a melhor obra de um autor? Obra-prima, a primeira obra de um género? A obra perfeita? Depois em discussão esteve aquilo a que poderemos considerar ou não incontestável. O mote estava, pois, lançado.

O debate magnetizou largas centenas de visitas, diariamente, e várias das publicações da iniciativa entraram mesmo para o recorde das mais vistas de sempre do CINEROAD.

De estimulante e viciante a louvável e de polémica a controversa, a iniciativa recebeu os mais variados atributos. Muito se falou pelos blogues e pelo Facebook, recente aliado na divulgação destas lides. Mais de 40 convidados especiais revelaram, a convite do CINEROAD, 5 das suas Incontestáveis Obras-Primas, tantos deles nomes incontornáveis da blogosfera cinéfila portuguesa. Chegaram-se a várias conclusões, mas muitas mais ficarão por tirar. Na verdade, julgo que as caixas de comentários dos mais de 20 posts falam por si.

A pluralidade de opiniões que sempre caracterizou e dignificou este espaço - digo-o com orgulho - esteve ao rubro. Às vezes e como em tudo na vida, as posições extremaram-se a tal ponto que se inflamaram, de forma - eu diria - pouco tolerante. Rejeitei muitos comentários porque um blogue como este é para discutir cinema e cinema sobre todas as coisas, não é um consultório nem para catarse de frustrações ou invejas nem um espaço para ofensas. Moderarei sempre o debate no sentido de o equilibrar e de o manter respeitável, nunca esquecendo as verdadeiras razões destas iniciativas.

De forma geral, o debate alastrou-se por todos os posts, com longas e dedicadas facções de prosa, imensamente prazerosas e convidativas à leitura. O material reunido nestas publicações quase que dava para um estudo. As Incontestáveis foram, por isso, uma experiência extremamente enriquecedora.

Mesmo que As Incontestáveis não tivessem servido para aprender nada, creio que seria inegável não assumir que chegaram até nós títulos imprescindíveis para o percurso que, a partir de agora, tomaremos. Estas iniciativas motivam-nos - e por mim falo - a descobrir mais e melhor. É este o mérito de todos quantos participaram na iniciativa.

Esta temporada tão bem passada termina aqui, mas a estrada continua. Até novas iniciativas, continua a crítica, a análise e o debate diário.

Muito obrigado a todos!

«AS INCONTESTÁVEIS» - Resultados Finais

Segue a Contagem Final.
Digam lá se não é uma lista altamente recomendável.
Tenho a certeza de que recorrerão a ela mais vezes.
Se por acaso alguém tiver visto todos estes filmes, que se acuse!

2001: Odisseia no Espaço (7)
Casablanca (6)
O Senhor dos Anéis* (6)
Psico (5)
Laranja Mecânica (4)
Pulp Fiction (4)
O Padrinho (4)
8 1/2 (4)

Stalker (4)
Guerra das Estrelas* (3)
A Vida É Bela (3)
Metropolis (3)

Clube de Combate (3)

O Mundo A Seus Pés (3)
Sete Pecados Mortais (3)

Cinema Paraíso (2)
A Mulher Que Viveu Duas Vezes (2)

Nosferatu - O Vampiro (2)
Tempos Modernos (2)
E Tudo o Vento Levou (2)

O Couraçado Potemkin (2)

A Máscara (2)

Rashômon - Às Portas do Inferno (2)

Blade Runner - Perigo Iminente (2)
King Kong**** (2)

O Fabuloso Destino de Amélie (2)
A Origem (2)

City Girl (2)

Tudo Bons Rapazes (2)
A Palavra (2)
A Sede do Mal (2)
Luzes da Cidade (2)
Voando Sobre um Ninho de Cucos (2)
Era Uma Vez na América (2)

Aurora (1)
O Homem de Londres (1)

Henry: A Sombra de um Assassino (1)

Cães de Palha (1)
Tabu (1)
Mãe e Filho (1)
O Sacrifício (1)
Apocalypse Now (1)

A Vida É um Sonho (1)
O Homem Elefante (1)

As Asas do Desejo (1)
Quando Passam as Cegonhas (1)

Matrix (1)

O Quarto Mandamento (1)
Irmãos Inseparáveis (1)
O Último Ano em Marienbad (1)
O Milagre de Anne Sullivan (1)
O Sangue (1)

Wall-e (1)

A História de Adèle H. (1)
Salò ou Os 120 Dias de Sodoma (1)

Deserto de Almas (1)

Paraíso Infernal (1)
Magnolia (1)
Viver (1)

O Lírio Quebrado (1)

Na Sombra e no Silêncio (1)

Taxi Driver (1)

Ivan, o Terrível (1)

Ikiru (1)
Satantango (1)
Cães Danados (1)
Haverá Sangue (1)
O Bom, o Mau e o Vilão (1)
Eva (1)
Princesa Mononoke (1)

Triumph des Willens (1)
A Vida de Brian (1)
A Doce Vida (1)
Disponível Para Amar (1)
Pamplinas Maquinista (1)
Werckmeister Harmóniák (1)

A Mosca (1)

Zemlya (1)

Rebecca (1)
Braveheart - O Desafio do Guerreiro (1)
Velvet Goldmine (1)
Dias do Paraíso (1)

O Meu Vizinho Totoro (1)

Shazka Shazok (1)
Os Inocentes (1)

Mr. Nobody (1)
Momentos de Glory (1)

Chamada Para a Morte (1)
O Despertar da Mente (1)
Hei yan quan (1)
Orlacs Hände (1)
Das blaue Licht (1)
French Cancan (1)
O Grande Escândalo (1)
À Flor do Mar (1)
Bring Me the Head of Alfredo Garcia (1)
Aelita (1)
Jurassic Park (1)

Touro Enraivecido (1)
Gangues de Nova Iorque (1)
Orphée - Orfeu (1)
The Fountain - O Último Capítulo (1)
Drácula** (1)
Drácula*** (1)

A Desaparecida (1)
Encontros Imediatos de 3º Grau (1)
A Barreira Invisível (1)
Os Condenados de Shawshank (1)

Donnie Darko (1)
Sacanas Sem Lei (1)

O Assassínio de Jesse James Pelo Cobarde Robert Ford (1)

Luzes da Ribalta (1)
Esplendor na Relva (1)
Idi i Smotri (1)
O Túmulo dos Pirilampos (1)

Memento (1)

Dekalog (1)

Peregrinação Exemplar (1)

O Gabinete do Dr. Caligari (1)
Que Fiz Eu Para Merecer Isto? (1)
Os Sapatos Vermelhos (1)
Salteadores da Arca Perdida (1)
Era Uma Vez Um País (1)

Nascido Para Matar (1)

Pagos A Dobrar (1)

The End of Evangelion (1)
Amadeus (1)
Beleza Americana (1)

Apocalypto (1)
A Fonte da Virgem (1)
Johnny Guitar (1)
Playtime - Vida Moderna (1)

O Monstro (1)

O Cavaleiro das Trevas, O (1)
O Dinheiro (1)
Os Contos da Lua Vaga (1)
Cruel Vitória (1)

American Movie (1)

The Departed - Entre Inimigos (1)
Titanic (1)
Gladiador (1)
La Jetée (1)
Aguirre - O Aventureiro (1)

Ala-Arriba! (1)
O Horror de Drácula (1)

Nosferatu - O Fantasma da Noite (1)
Avatar (1)
Os Quatrocentos Golpes (1)


* Pode conter vários filmes da saga.
** de Tod Browning e de Karl Freund.
*** de George Melford e de Enrique T. Ávalo.
**** de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack.
Não foram contabilizadas as Incontestáveis do autor deste blogue.

«AS INCONTESTÁVEIS» - Última Selecção

obra-prima, s. f.
1. Obra primorosa, perfeita, das primeiras no seu género.
2. A melhor obra de um autor.

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Roberto Simões, autor deste CINEROAD:O Homem da Câmera de Filmar (1929), de Dziga Vertov
2001: Odisseia no Espaço
(1968), de Stanley Kubrick
O Espelho (1975), de Andrei Tarkovsky
As Vinhas da Ira (1940), de John Ford
E Tudo o Vento Levou (1939),
de Victor Fleming, George Cukor e Sam Wood

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Miguel Pinto, Leitor:
Tudo Bons Rapazes (1990), de Martin Scorsese
Memento (2000), de Christopher Nolan
Laranja Mecânica (1971), de Stanley Kubrick
Sete Pecados Mortais (1994), de David Fincher
Psico (1960), de Alfred Hitchcock

Quem contesta?

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

«AS INCONTESTÁVEIS» - Penúltima Selecção

obra-prima, s. f.
1. Obra primorosa, perfeita, das primeiras no seu género.
2. A melhor obra de um autor.

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Victor Afonso, autor do blogue O Homem Que Sabia Demasiado:
Tabu (1931), de F. W. Murnau
A Sede do Mal (1958), de Orson Welles
Cães de Palha (1971), de Sam Peckinpah
Henry: A Sombra de um Assassino (1986), de John McNaughton
O Homem de Londres (2007), de Béla Tarr

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Armindo Paulo Ferreira, autor do blogue Ecos Imprevistos:O Quarto Mandamento (1942), de Orson Welles
A Mulher Que Viveu Duas Vezes
(1958), de Alfred Hitchcock
O Milagre de Anne Sullivan (1962), de Arthur Penn
Irmãos Inseparáveis (1988), de David Cronenberg
Matrix (1999), de Andy e Lana Wachowski

Quem contesta?

Tarantino ou Rodriguez?

Qual dos dois realizadores prefere? Porquê?
A discussão começou AQUI

«AS INCONTESTÁVEIS» #20

obra-prima, s. f.
1. Obra primorosa, perfeita, das primeiras no seu género.
2. A melhor obra de um autor.

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de César Carvalho, autor do blogue Cineplectrum:
Era Uma Vez na América (1984), de Sergio Leone
Viver (1994), de Zhang Yimou
8 1/2 (1963), de Federico Fellini
2001: Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick
Voando Sobre um Ninho de Cucos (1975), de Milos Forman

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Andreia Mandim, autora do blogue Cinema's Challenge:A Vida Não É um Sonho (2000), de Darren Aronofsky
O Mundo a Seus Pés
(1941), de Orson Welles
Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino
O Homem Elefante (1980), de David Lynch
Clube de Combate (1999), de David Fincher

Quem contesta?

domingo, 23 de janeiro de 2011

«AS INCONTESTÁVEIS» #19

obra-prima, s. f.
1. Obra primorosa, perfeita, das primeiras no seu género.
2. A melhor obra de um autor.

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Álvaro Martins, autor do blogue Preto e Branco:
Mãe e Filho (1997), de Aleksandr Sokurov
O Sacrifício (1986), de Andrei Tarkovsky
A Palavra (1955), de Carl Dreyer
O Sangue (1989), de Pedro Costa
Quando Passam as Cegonhas (1957), de Mikhail Kalatozov

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de João Gonçalves, autor do blogue Voices of a Distant Star:As Asas do Desejo (1987), de Wim Wenders
City Girl
(1930), de F. W. Murnau
A História de Adèle H. (1975), de François Truffaut
Deserto de Almas (1970), de Michelangelo Antonioni
Paraíso Infernal (1939), de Howard Hawks

Quem contesta?

«AS INCONTESTÁVEIS» #18

obra-prima, s. f.
1. Obra primorosa, perfeita, das primeiras no seu género.
2. A melhor obra de um autor.

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Rato, autor do blogue O Rato Cinéfilo:
A Palavra (1955), de Carl Dreyer
Aurora (1927), de F. W. Murnau
O Lírio Quebrado (1919), de D. W. Griffith
Luzes da Cidade (1931), de Charles Chaplin
Ivan, O Terrível (1944), de Sergei Eisenstein

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Gema, autora do blogue Os Filmes da Gema:A Origem (2010), de Christopher Nolan
Wall-e
(2008), de Andrew Stanton
Guerra das Estrelas (1977-2005),
de George Lucas, Irvin Kershner, Richard Marquand
O Fabuloso Destino de Amélie (2001), de Jean-Pierre Jeunet
Psico (1960), de Alfred Hitchcock

Quem contesta?

sábado, 22 de janeiro de 2011

O MEU VIZINHO TOTORO (1988)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Tonari no Totoro
Realização: Hayao Miyazaki

Filme de Animação


Crítica:

A MAGIA DE SER CRIANÇA


Se há obra sobre a infância e durante a qual me vejo a regressar nostalgicamente ao passado, essa obra é O Meu Vizinho Totoro, realizada por Hayao Miyazaki. Creio, francamente, que o aclamado mestre da animação japonesa concebeu, ao longo da sua carreira, obras tecnicamente superiores a esta; veja-se, por exemplo, O Castelo no Céu, Princesa Mononoke ou A Viagem de Chihiro; cada título mais belo do que o outro. No entanto, acredito que a virtude maior de Totoro é o seu âmago narrativo, deveras especial, pelo qual se distingue dos demais. Aqui não há vilões, não há maldade, não há intriga ou trama propriamente dita ou uma história com princípio, meio e fim, no sentido convencional da expressão. A aquarela, de um esplendor visual arrebatador e absolutamente fascinante, floresce, a um ritmo tão calmo, a partir das situações do dia-a-dia, da espontaneidade das circunstâncias, até que ganha riqueza e complexidade semântica e interpretativa com a fertilidade do imaginário infantil.

A história de
O Meu Vizinho Totoro inicia-se com a mudança da família Kusakabe para o campo, entre prados verdejantes, águas cristalinas e uma floresta misteriosa, por causa da recente hospitalização da mãe na proximidade. As irmãs Mei (a mais nova) e Satsuki (a mais velha) viajam com o pai, muito animadas, até que chegam a uma casa aparentemente assombrada e a sua criativa imaginação desperta. Fantasmas, acreditam. A exploração da casa e dos arredores torna-se facilmente uma aventura, onde a magia despontará até das bolinhas pretas da fuligem: espíritos da floresta, místicos rituais, um gato-autocarro, e um trio de animais tão fofinhos quanto monstruosos, que facilmente poderia comparar a bonecas russas, caso estas mudassem de forma. Entre eles, o gigante e caricato Totoro. Só as crianças podem ver estas incríveis maravilhas - as crianças são, afinal, seres privilegiados. A possível morte da mãe e necessidade de assumir responsabilidades (inerentes ao crescimento) são os únicos factores que põem à prova a alegria e a união da família; a família que, ela própria, nos é apresentada como um elemento fundamental na vida e no equilíbrio dos homens. Notável, aquela simples cena em que pai e filhas tomam banho nus com a maior naturalidade do mundo. Quem se lembraria de inventar uma cena destas para um filme tão marcadamente infantil? Lá está, que pureza. E que delicadeza, aquela que Miyazaki aplica no manejar das emoções entre as personagens. Que sensibilidade.

O deslumbramento do espectador faz-se frame a frame e cada frame é, com o devido primor e requinte, pintado à mão. A banda sonora de Joe Hisaishi é qualquer coisa de extraordinário: há melodias divertidas, outras emocionantes e envolventes, umas emanam saudade... todas emanam vitalidade. Magistrais composições.

No seu todo, O Meu Vizinho Totoro não é senão o regresso à pureza original, onde há bondade e segurança ao virar das esquina, e à verdadeira idade da inocência, onde abunda a felicidade plena. Um milagre de filme. Fabuloso.

«AS INCONTESTÁVEIS» #17

obra-prima, s. f.
1. Obra primorosa, perfeita, das primeiras no seu género.
2. A melhor obra de um autor.

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Gonçalo Lamas, autor do blogue CineGlam:
A Mulher Que Viveu Duas Vezes (1958), de Alfred Hitchcock
O Senhor dos Anéis - O Regresso do Rei (2003), de Peter Jackson
8 1/2 (1963), de Federico Fellini
2001: Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick
Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Catarina Norte, autora do blogue A Vida Em Cenas:O Fabuloso Destino de Amélie (2001), de Jean-Pierre Jeunet
O Senhor dos Anéis
(2001-2003), de Peter Jackson
Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese
Laranja Mecânica (1971), de Stanley Kubrick
Casablanca (1942), de Michael Curtiz

Quem contesta?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

«AS INCONTESTÁVEIS» #16

obra-prima, s. f.
1. Obra primorosa, perfeita, das primeiras no seu género.
2. A melhor obra de um autor.

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de João Samuel Neves, autor no blogue Dial P For Popcorn:
Haverá Sangue (2007), de Paul Thomas Anderson
O Bom, O Mau e O Vilão (1966), de Sergio Leone
Cães Danados (1992), de Quentin Tarantino
Laranja Mecânica (1971), de Stanley Kubrick
Ikiru (1952), de Akira Kurosawa

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Carlos Pinto, autor do blogue A Blast In The Underworld:A Máscara (1966), de Ingmar Bergman
Clube de Combate (1999), de David Fincher
Stalker (1979), de Andrei Tarkovsky
Satantango (1994), de Béla Tarr
2001: Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick

Quem contesta?

HAVERÁ SANGUE (2007)

PONTUAÇÃO: EXCELENTE
★★★★★
Título Original: There Will Be Blood
Realização: Paul Thomas Anderson

Principais Actores: Daniel Day-Lewis, Dillon Freasier, Paul Dano, Ciarán Hinds, Kevin J. O’Connor

Crítica:

A EDIFICAÇÃO DO ÓDIO


Haverá Sangue é pura arte. É o grande épico da ambição humana, da incessante busca material ao oportunismo eloquente e à manipulação retórica, da ascenção do nada à riqueza insaciável, à angústia existencial, à solidão e à final constatação da nossa miserável condição. É sobre a religião e o capitalismo que, na grande farsa hipócrita, sustentam uma ilusão às custas da própria sociedade. O petróleo é um prenúncio de guerra e sangue. E pode jorrar sangue negro de uma terra perfurada pela ganância, mas a grande ferida é a da alma: a avidez cega-nos por dentro, seca-nos por inteiro e extingue o melhor que há em nós.

I have a competition in me.
I want no one else to succeed.

O mínimo que se poderá dizer de Paul Thomas Anderson é que, uma vez mais, arquitectou e concretizou uma obra visionária, arrojada no seu conceito e desconcertante na sua forma. A sua arte de filmar é premeditada, rigorosa e detalhista. O seu denso argumento (livremente baseado no romance Oil!, de Upton Sinclair) é um autêntico concentrado metafórico, submerso numa fascinante e poderosa atmosfera sufocante, centrado na edificação do ódio, é certo, mas também no estimulante combate entre forças económicas e religiosas - respectivamente simbolizadas pelas personagens de Daniel Day-Lewis (Daniel Plainview, o magnata do petróleo) e de Paul Dano (Eli Sunday, o profeta evangélico). É curioso perceber como duas dimensões que aparentemente estariam nos antípodas uma da outra têm tantas afinidades e semelhanças: ambas são motivadas pela crença exacerbada e pelo fanatismo, ambas se prostituem em nome dos seus interesses e dos seus interesses apenas (contrariando os valores que defendem e apregoam), ambas crescem perante a conquista e aproveitamento de novos adeptos. Ambas se impõem por jogos de fé e triunfam numa relação de interdependência dissimulada. No entanto, ambas se degladiarão sempre, com orgulho e rancor, pela autoridade. Notem-se cenas fulcrais como a do baptismo de Plainview:

Eli Sunday: Daniel, you have come here and you have brought good and wealth, but you have also brought your bad habits as a backslider. You've lusted after women, and you have abandoned your child. Your child that you raised, you have abandoned all because he was sick and you have sinned. So say it now- I am a sinner.
Plainview: I am a sinner. Eli Sunday: Say it louder - I am a sinner!
Plainview: I am a sinner.
(...)
Plainview: I've abandoned my child! I've abandoned my child! I've abandoned my boy!
(...)
Plainview
: There is a pipeline.

Ou a visceral cena que precede o espancamento e a vingança final, na sala de bowling:

Eli Sunday: Daniel, I'm asking if you'd like to have business with the Church of the Third Revelation in developing this lease on young Bandy's thousand acre tract. I'm offering you to drill on one of the great undeveloped fields of Little Boston!
Plainview: I'd be happy to work with you.
Eli Sunday: You would? Yes, yes, of course. Wonderful.
Plainview: But there is one condition for this work.
Eli Sunday: Alright.
Plainview: I'd like you to tell me that you are a false prophet... I'd like you to tell me that you are, and have been, a false prophet... and that God is a superstition.
Eli Sunday: ...but that's a lie... it's a lie, I cannot say it.
(...)
Eli Sunday: I am a false prophet! God is a superstition! I am a false prophet! God is a superstition! I am a false prophet! God is a superstition!


Haverá Sangue tem uma essência marcadamente ontológica, ou não buscasse as origens do capitalismo e, por consequência, os valores basilares das sociedades ocidentais para tentar compreender a realidade contemporânea. Afinal, a religião e a economia decidem o futuro dos Homens. Nelas se espelham e por elas se multiplicam os piores defeitos da humanidade: o egoísmo, a soberba, a vingança ou a indiferença e menosprezo para com os outros. O ódio para com os outros. Tanto Daniel como Eli apresentam estes traços de personalidade. Quais são as causas de tamanha e perigosa desumanização? A frustração pessoal e a falta de afectos. E ambos os factores são partilhados pelos vigaristas empreendedores. São dois homens destruídos e sedentos por destruição, às tantas incapazes de confiar em alguém senão neles próprios e incapazes de reconhecer o amor genuíno: note-se como Eli trata o pai ou como Daniel abanona o filho - surdo e, aos seus olhos, agora inútil. Não esqueçamos que ainda a explosão de fogo ascendia aos céus e o jovem H.W. se resguardava do acidente e Plainview já dizia:

There's a whole ocean of oil under our feet! No one can get at it except for me!

Lembremos também, por exemplo, como o pai trata o filho nos últimos instantes:

You have none of me in you. You're just a bastard from a basket. You're a bastard from a basket!

Ao irmão Henry, o depressivo oportunista que é incapaz de atingir o sucesso, Daniel confessa:

I hate most people.

I see the worst in people. (...) I've built my hatreds up over the years, little by little.

If it's in me, it's in you. There are times when I look at people and I see nothing worth liking. I want to earn enough money that I can get away from everyone.

De que valerá a ambição e a riqueza perante a ruína das relações, a decadência moral e a derradeira queda na solidão? Pois bem, essa é a questão central de todo o filme. Fica sugerida a reflexão.

Tanto Daniel Day-Lewis como Paul Dano, tenho a dizer, são absolutamente extraordinários na construção das suas personagens. O Daniel Plainview de Day-Lewis é um verdadeiro assombroso, um dos mais geniais papéis da carreira do actor.

A nível técnico, a obra é irrepreensível. Desde a primorosa fotografia de Robert Elwist (sublime em todas as cores e enquadramentos e revisitando a mítica paisagem do werstern: na aridez do deserto, nos moinhos de vento, nas pequenas vilas empoeiradas, nos caminhos de ferro, na exploração dos ranchos e na expansão pelo oeste americano) à aterrorizante, operática e desoladora banda sonora (Jonny Greenwood, Brahms, Arvo Pärt), o retrato é frio e desconcertante... à semelhança da história e das personagens. A cena de abertura, imersa em estranheza e circular na forma, confronta-nos com uma experiência que se adivinha única e irrepetível, tão impressionante nos silêncios como na excelência da retórica e da eloquência narrativa. Ainda brilhante na encenação e na mise-en-scène e exímio na reconstituição histórica, todo o filme é um milagre de erudição, de auto-glorificação artística e um prodigioso pedaço de perfeição. Em suma, uma obra-prima como poucas.

Plainview: I'm finished.


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CINEROAD ©2020 de Roberto Simões