★★★★★
Título Original: L'EnfantRealização: Jean-Pierre e Luc Dardenne
Principais Actores: Jérémie Renier, Déborah François, Jérémie Segard, Fabrizio Rongione, Olivier Gourmet, Stéphane Bissot, Mireille Bailly
Crítica:
Poucas palavras para um grande filme. O realismo como estética. A tentativa de representação da realidade tal como ela é, dura e crua, sem artifícios. A Bélgica contemporânea e uma questão social séria e preocupante: uma geração imatura e irresponsável, sem objectivos e sem rumo, entregue a si prória... que se vê a braços, inesperadamente, com a gravidez precoce e não-planeada.
Bruno e Sonia são o espelho dessa realidade. Descomprometidos com o futuro, apáticos do mundo. Não trabalham, não têm laços familiares, ele vive para as drogas e para a delinquência, ela limita-se à paixão e ao sustento desonesto por parte dele. Têm um filho, mas as crianças maiores são eles. Fumam, discutem enquanto conduzem, distraem-se uma e outra vez, ignorando a fatalidade da vida. A câmera dos Dardenne observa-os de perto, segue-os de perto, obsessivamente. E o bebé naquele meio, em risco permanente, sem amor. Apenas nasceu. Na primeira vez que Bruno cuida do filho, imagine-se, vende-o para adopção. Ganha um bom maço de notas. Mais do que negligente ou irresponsável, o seu comportamento e a sua atitude são plenamente amorais.
O filme não é moralista, mas a moral recai sobre o espectador. Condenamos aqueles seres infantis, mas temos dificuldade em apontar o dedo e a culpa. Quem são os responsáveis? Que esperança há para aquela criança, não sabemos bem. Mas se pensarmos se há ou não esperança para aquele casal, para Bruno, sobretudo... temos novamente dificuldade em pensar sobre isso. Aperceber-se-á ele, alguma vez, do sentido da vida? Haverá tempo, ainda, para interiorizar valores essenciais? Até quando dura a infância? Que adultos estamos nós, sociedade, a formar?
O realismo está de boa saúde, nas mãos dos Dardenne.
À MARGEM, À DERIVA
Poucas palavras para um grande filme. O realismo como estética. A tentativa de representação da realidade tal como ela é, dura e crua, sem artifícios. A Bélgica contemporânea e uma questão social séria e preocupante: uma geração imatura e irresponsável, sem objectivos e sem rumo, entregue a si prória... que se vê a braços, inesperadamente, com a gravidez precoce e não-planeada.
Bruno e Sonia são o espelho dessa realidade. Descomprometidos com o futuro, apáticos do mundo. Não trabalham, não têm laços familiares, ele vive para as drogas e para a delinquência, ela limita-se à paixão e ao sustento desonesto por parte dele. Têm um filho, mas as crianças maiores são eles. Fumam, discutem enquanto conduzem, distraem-se uma e outra vez, ignorando a fatalidade da vida. A câmera dos Dardenne observa-os de perto, segue-os de perto, obsessivamente. E o bebé naquele meio, em risco permanente, sem amor. Apenas nasceu. Na primeira vez que Bruno cuida do filho, imagine-se, vende-o para adopção. Ganha um bom maço de notas. Mais do que negligente ou irresponsável, o seu comportamento e a sua atitude são plenamente amorais.
O filme não é moralista, mas a moral recai sobre o espectador. Condenamos aqueles seres infantis, mas temos dificuldade em apontar o dedo e a culpa. Quem são os responsáveis? Que esperança há para aquela criança, não sabemos bem. Mas se pensarmos se há ou não esperança para aquele casal, para Bruno, sobretudo... temos novamente dificuldade em pensar sobre isso. Aperceber-se-á ele, alguma vez, do sentido da vida? Haverá tempo, ainda, para interiorizar valores essenciais? Até quando dura a infância? Que adultos estamos nós, sociedade, a formar?
O realismo está de boa saúde, nas mãos dos Dardenne.