★★★★★
Título Original: Beauty and the BeastRealização: Gary Trousdale e Kirk Wise
Filme de Animação
Crítica:
O CASTELO ENCANTADO
Quando a última pétala cair, sem que o amor triunfe, a maldição tornar-se-á perpétua. É este o mote para mais uma fabulosa e adorável história de encantar da Disney. Desde Era Uma Vez... a E Viveram Felizes para Sempre... o estúdio cristalizou o imaginário infantil de gerações inteiras, ao longo de décadas. A Bela e o Monstro é, porventura, dos maiores hinos à beleza interior.
Da radiosa aldeia, ao negrume da floresta e a todo o goticismo do castelo, a obra conta com um extraordinário leque de personagens. Bela não é Branca de Neve ou Aurora. Não corresponde à heroína de outrora, ingénua e submissa. Bela é corajosa e destemida, forte e inteligente, independente. Ela sabe perfeitamente o que quer e é uma jovem lutadora. O Monstro é arrogante e intempestivo, incapaz de mostrar bondade e aquilo que a paixão entre os dois despoleta é, antes de tudo, a transformação interior do Monstro em Príncipe. A terrível e horrorosa criatura tornar-se-á brando e afável, dedicado e disponível, capaz de pôr a sua vida em risco e de sacrificá-la, inclusivé, pela amada. E é essa a mudança, a vitória maior que o amor simbolizará, quebrando o feitiço e restituindo à fera a sua aparência e forma original. Gaston, o musculado bruta-montes, concretiza o triângulo amoroso; é um narcisista convencido e a prova de que se pode ser muito bonito por fora e completamente estúpido e vazio por dentro. O pai, desastrado inventor, é francamente hilariante e, depois, o rasto de magia espalha-se sobre móveis e artefactos, objectos e utensílios. Os inanimados ganham vida e revelam-se personagens inesquecíveis, verdadeiras estrelas do espectáculo nos intervalos do romance central: Lumière, o candelabro de sotaque francês, Cogsworth, charmoso relógio de parede, o bule Mrs. Pott e o filhote Chip, a vassoura, o guarda-fatos, entre tantos outros.
A qualidade do desenho e da pintura, mesmo no casamento subtil e eficaz entre a animação tradicional e aqueloutra por computador, é singular. O filme é visualmente arrebatador, do riso às lágrimas. Para isso muito contou a realização de Gary Trousdale e Kirk Wise, que tornam toda a adaptação do conto uma experiência tremendamente excitante e emocionante. Depois, creio que se há triunfo assinalável e absolutamente decisivo para elevar o calibre das produções da Disney nos anos 90 do século passado foi sem sombra de dúvida o potencial gigantesco das bandas sonoras de Alan Menken. As suas canções, para além de modernas e plenas de emoção, revitalizaram a animação do estúdio, conferindo-lhe uma extraordinária natureza musical. As canções Be Our Guest, Belle, Something There, The Mob Song, Gaston, Human Again ou mesmo Beauty and the Beast, com letras de Howard Ashman, aliadas a uma prodigiosa coreografia visual, eternizam algumas das mais memoráveis e melodiosas sequências do filme. Piscadelas de olhos a clássicos absolutos são inúmeras; a mais facilmente identificável talvez seja aquela em que Bela canta pelos campos, graciosa e rodopiante, que nem a Maria de Julie Andrews, em Música no Coração.
Por tudo isto e tanto mais, A Bela e o Monstro atinge um equilíbrio notável entre o clássico e o moderno, a solidificação do passo (ou mergulho) audaz que foi dado com A Pequena Sereia e que se veio a confirmar com os êxitos seguintes. Enfim, tornou-se um clássico instantâneo. A ver e rever.
Once upon a time, in a faraway land... A young prince lived in a shining castle. Although he had everything his heart desired, the prince was spoiled, selfish, and unkind. But then, one winter's night, an old beggar woman came to the castle and offered him a single rose in return for shelter from the bitter cold. Repulsed by her haggard appearance, the prince sneered at the gift and turned the old woman away. But she warned him not to be deceived by appearances, for beauty is found within. And when he dismissed her again, the old woman's ugliness melted away to reveal a beautiful enchantress. The prince tried to apologize, but it was too late, for she had seen that there was no love in his heart. And as punishment, she transformed him into a hideous beast and placed a powerful spell on the castle and all who lived there.
Da radiosa aldeia, ao negrume da floresta e a todo o goticismo do castelo, a obra conta com um extraordinário leque de personagens. Bela não é Branca de Neve ou Aurora. Não corresponde à heroína de outrora, ingénua e submissa. Bela é corajosa e destemida, forte e inteligente, independente. Ela sabe perfeitamente o que quer e é uma jovem lutadora. O Monstro é arrogante e intempestivo, incapaz de mostrar bondade e aquilo que a paixão entre os dois despoleta é, antes de tudo, a transformação interior do Monstro em Príncipe. A terrível e horrorosa criatura tornar-se-á brando e afável, dedicado e disponível, capaz de pôr a sua vida em risco e de sacrificá-la, inclusivé, pela amada. E é essa a mudança, a vitória maior que o amor simbolizará, quebrando o feitiço e restituindo à fera a sua aparência e forma original. Gaston, o musculado bruta-montes, concretiza o triângulo amoroso; é um narcisista convencido e a prova de que se pode ser muito bonito por fora e completamente estúpido e vazio por dentro. O pai, desastrado inventor, é francamente hilariante e, depois, o rasto de magia espalha-se sobre móveis e artefactos, objectos e utensílios. Os inanimados ganham vida e revelam-se personagens inesquecíveis, verdadeiras estrelas do espectáculo nos intervalos do romance central: Lumière, o candelabro de sotaque francês, Cogsworth, charmoso relógio de parede, o bule Mrs. Pott e o filhote Chip, a vassoura, o guarda-fatos, entre tantos outros.
Ashamed of his monstrous form, the beast concealed himself inside his castle, with a magic mirror as his only window to the outside world. The rose she had offered was truly an enchanted rose, which would bloom until his 21st year. If he could learn to love another, and earn her love in return by the time the last petal fell, then the spell would be broken. If not, he would be doomed to remain a beast for all time. As the years passed, he fell into despair and lost all hope. For who could ever learn to love a beast?
A qualidade do desenho e da pintura, mesmo no casamento subtil e eficaz entre a animação tradicional e aqueloutra por computador, é singular. O filme é visualmente arrebatador, do riso às lágrimas. Para isso muito contou a realização de Gary Trousdale e Kirk Wise, que tornam toda a adaptação do conto uma experiência tremendamente excitante e emocionante. Depois, creio que se há triunfo assinalável e absolutamente decisivo para elevar o calibre das produções da Disney nos anos 90 do século passado foi sem sombra de dúvida o potencial gigantesco das bandas sonoras de Alan Menken. As suas canções, para além de modernas e plenas de emoção, revitalizaram a animação do estúdio, conferindo-lhe uma extraordinária natureza musical. As canções Be Our Guest, Belle, Something There, The Mob Song, Gaston, Human Again ou mesmo Beauty and the Beast, com letras de Howard Ashman, aliadas a uma prodigiosa coreografia visual, eternizam algumas das mais memoráveis e melodiosas sequências do filme. Piscadelas de olhos a clássicos absolutos são inúmeras; a mais facilmente identificável talvez seja aquela em que Bela canta pelos campos, graciosa e rodopiante, que nem a Maria de Julie Andrews, em Música no Coração.
Por tudo isto e tanto mais, A Bela e o Monstro atinge um equilíbrio notável entre o clássico e o moderno, a solidificação do passo (ou mergulho) audaz que foi dado com A Pequena Sereia e que se veio a confirmar com os êxitos seguintes. Enfim, tornou-se um clássico instantâneo. A ver e rever.