★★★★
Título Original: Pirates of Caribbean: The Curse of the Black Pearl
Realização: Gore Verbinski
Principais Actores: Johnny Depp, Geoffrey Rush, Keira Knightley, Orlando Bloom, Jonathan Pryce, Kevin McNally, Jack Davenport, Lee Arenberg, Mackenzie Crook, Martin Kleeba, David Bailie
Crítica:
EM BUSCA DO TESOURO AMALDIÇOADO
This is the day you will always remember
as the day you almost caught Captain Jack Sparrow!
as the day you almost caught Captain Jack Sparrow!
Na viragem para o século XXI, muitos géneros ou sub-géneros cinematográficos estavam dados como mortos. Era o caso do western, do musical, dos épicos ou dos filmes de piratas. Talvez por isso, simbolicamente, os vilões deste revigorante filme de piratas nos surjam amaldiçoados, nem vivos o suficiente para desfrutarem dos prazeres da vida nem mortos quanto baste para descansarem eternamente e deixaram os realmente vivos em paz. Piratas das Caraíbas ressuscita o sub-género regressando à acção e à aventura, mas expandindo a comédia e mergulhando na fantasia e nas infindas potencialidades dos efeitos digitais, enriquecendo um universo mitológico que os parques Disney pelo mundo há muito exploravam e ajudavam a imortalizar.
A saga de piratas, pelo talento criativo de Gore Verbinski e dos argumentistas Ted Elliott e Terry Rossio, assume aqui proporções épicas. O arrojo da produção artística e da fotografia de Dariusz Wolski garantem o festim visual, escapista e encantatório, ao mesmo tempo que a composição de Klaus Badelt (discípulo de Hans Zimmer, que virá a assumir o cargo nos capítulos sequentes), em sintonia com as mais hilariantes - e milaborantes - sequências de acção, empolgam o espectador e fazem-no vibrar: em cada escape, em cada tiroteio, em cada duelo de espadas. Puro entretenimento, engenhoso nas coreografias, sempre pontuado pelo cómico, seja ele de situação, de linguagem ou de personagem. Por falar em personagens, que criação!, a do talentosíssimo Johnny Depp, o seu Jack Sparrow - perdão: Capitão Jack Sparrow: pleno de trejeitos efeminados, dominado pelo álcool ou pelos seus efeitos delirantes, pleno de suor e de non sense, tão ridículo mas simultaneamente tão inteiro na sua entrega e composição, tão único e tão distinto, tão apaixonante. Cada acessório do seu guarda-roupa, uma janela para o passado, que desconhecemos mas adoraríamos conhecer. Daí as sequelas e a trilogia, de igual forma motivadas pelo retumbante sucesso de bilheteira deste primeiro tomo. Geoffrey Rush entrega um Capitão Barbossa absolutamente incrível, que não só encarna a vilania como rivaliza no charme entre os mais temíveis dos sete mares. Keira Knightley e Orlando Bloom são o par romântico - embora nunca se excedam nas interpretações, destilam o seu carisma funcional e são competentes. Jonathan Price e Jack Davenport, do lado dos oficiais britânicos, e Lee Arenberg e Mackenzie Crook, do lado dos mais tresloucados corsários, compõem o quadro de prestações secundárias, enriquecendo o todo.
Sempre que se deixa a terra firme (e as brilhantes e inesquecíveis sequências em Port Royal, Tortuga ou nas ilhas desertas) e se parte para o alto-mar, A Maldição do Pérola Negra descaracteriza-se do cânone do tradicional filme de piratas e revela, porventura, a verdadeira identidade da saga Piratas das Caraíbas. À carga chegam-nos os efeitos especiais, munidos de algum exibicionismo de algum despropósito fantástico, que certamente atraem o seu público, mas que nem sempre servem a narrativa. Ainda assim, mostram-se geralmente refreados, no peso recomendado, na medida certa. Contra ventos e marés, por mais voltas e reviravoltas com que a história nos brinde, o risco acaba por compensar: o navio não afunda, os cofres da produtora e dos envolvidos recheiam-se de ouro e Piratas das Caraíbas triunfa mundialmente, conquistando os espectadores, impulsionando as carreiras de Knightley e Bloom e catapultando, decisivamente, Depp para o absoluto estrelato e o seu Sparrow para o panteão das mais célebres e imortais personagens da História do Cinema.
Assim é Piratas das Caraíbas - A Maldição do Pérola Negra: completamente alucinado, ligeiro e descomprometido e, sobretudo, bastante divertido. É o raio de uma viagem. Tendo honrado o legado de uma geração, definiu o imaginário de outra. Impôs-se, definitivamente, como a referência do sub-género dos filmes de piratas. E esse é um feito e pêras.
A saga de piratas, pelo talento criativo de Gore Verbinski e dos argumentistas Ted Elliott e Terry Rossio, assume aqui proporções épicas. O arrojo da produção artística e da fotografia de Dariusz Wolski garantem o festim visual, escapista e encantatório, ao mesmo tempo que a composição de Klaus Badelt (discípulo de Hans Zimmer, que virá a assumir o cargo nos capítulos sequentes), em sintonia com as mais hilariantes - e milaborantes - sequências de acção, empolgam o espectador e fazem-no vibrar: em cada escape, em cada tiroteio, em cada duelo de espadas. Puro entretenimento, engenhoso nas coreografias, sempre pontuado pelo cómico, seja ele de situação, de linguagem ou de personagem. Por falar em personagens, que criação!, a do talentosíssimo Johnny Depp, o seu Jack Sparrow - perdão: Capitão Jack Sparrow: pleno de trejeitos efeminados, dominado pelo álcool ou pelos seus efeitos delirantes, pleno de suor e de non sense, tão ridículo mas simultaneamente tão inteiro na sua entrega e composição, tão único e tão distinto, tão apaixonante. Cada acessório do seu guarda-roupa, uma janela para o passado, que desconhecemos mas adoraríamos conhecer. Daí as sequelas e a trilogia, de igual forma motivadas pelo retumbante sucesso de bilheteira deste primeiro tomo. Geoffrey Rush entrega um Capitão Barbossa absolutamente incrível, que não só encarna a vilania como rivaliza no charme entre os mais temíveis dos sete mares. Keira Knightley e Orlando Bloom são o par romântico - embora nunca se excedam nas interpretações, destilam o seu carisma funcional e são competentes. Jonathan Price e Jack Davenport, do lado dos oficiais britânicos, e Lee Arenberg e Mackenzie Crook, do lado dos mais tresloucados corsários, compõem o quadro de prestações secundárias, enriquecendo o todo.
Sempre que se deixa a terra firme (e as brilhantes e inesquecíveis sequências em Port Royal, Tortuga ou nas ilhas desertas) e se parte para o alto-mar, A Maldição do Pérola Negra descaracteriza-se do cânone do tradicional filme de piratas e revela, porventura, a verdadeira identidade da saga Piratas das Caraíbas. À carga chegam-nos os efeitos especiais, munidos de algum exibicionismo de algum despropósito fantástico, que certamente atraem o seu público, mas que nem sempre servem a narrativa. Ainda assim, mostram-se geralmente refreados, no peso recomendado, na medida certa. Contra ventos e marés, por mais voltas e reviravoltas com que a história nos brinde, o risco acaba por compensar: o navio não afunda, os cofres da produtora e dos envolvidos recheiam-se de ouro e Piratas das Caraíbas triunfa mundialmente, conquistando os espectadores, impulsionando as carreiras de Knightley e Bloom e catapultando, decisivamente, Depp para o absoluto estrelato e o seu Sparrow para o panteão das mais célebres e imortais personagens da História do Cinema.
Assim é Piratas das Caraíbas - A Maldição do Pérola Negra: completamente alucinado, ligeiro e descomprometido e, sobretudo, bastante divertido. É o raio de uma viagem. Tendo honrado o legado de uma geração, definiu o imaginário de outra. Impôs-se, definitivamente, como a referência do sub-género dos filmes de piratas. E esse é um feito e pêras.
Yo, ho, yo, ho! A pirate's life for me...