★★★
Título Original: Harry Potter and the Half-Blood Prince
Realização: David Yates
Principais Actores: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Michael Gambon, Jim Broadbent, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Tom Felton, Julie Walters, Bonnie Wright, Evanna Lynch, Maggie Smith
Crítica:
O MISTÉRIO CINZENTO
This is beyond anything I imagine.
O Príncipe Misterioso é, facilmente, o capítulo mais decepcionante de toda a saga. Harry Potter sempre teve os seus mistérios intricados, o suspense crescia por meio de pistas e, no final, tudo acabava por fazer sentido. Mas a forma como a história era contada preocupava o espectador, envolvia-o, cativava-o para a investigação de forma activa. Ao sexto filme, o espectador é como que ignorado. A acção atropela-se de episódio em episódio, sem maturar os sinais, sem estabelecer ligações sólidas. A adaptação flui à deriva, desinteressante. Como se bastasse chegar ao ponto Y sem se esboçar como lá se chegou e porque lá se chegou. Sim, O Príncipe Misterioso é o mais esquecível de todos os filmes Harry Potter.
Nicholas Hooper distancia-se em demasia das sonoridades originais e o filme perde identidade. A música jamais se alia ao poder emocional das interpretações dos actores, despotenciando as cenas e lesando, irreversivelmente, o produto final. Tão-pouco a encenação é estudada, procurando arquitectar momentos icónicos ou minimamente marcantes. A linguagem é banal, como se se realizasse um episódio de uma série televisiva de terceira categoria, mas com um grande orçamento. Há pouco cinema, neste pedaço, e não esperaríamos isto de uma saga com o estrondoso impacto simbólico e cultural que Harry Potter alcançou, dentro e fora do circuito cinematográfico. Ainda para mais no ponto escaldante em que A Ordem da Fénix nos deixou; curiosamente, pelas mãos do mesmo realizador. Aqui tudo arrefece e os fait divers amorosos (que também constam do livro, é certo) ganham protagonismo sobre a história central e transversal aos vários filmes. Este desequilíbrio é um erro. E depois, sendo que todo este filme deveria preparar-nos para o seu trágico desfecho - para o adeus de uma das personagens mais queridas e importantes deste fantástico universo - O Príncipe Misterioso falha em apostar no elo entre o protagonista e o mártir, ausentando este último da maior parte da acção.
Bruno Delbonnel, criativo diretor de fotografia, pinta aqui um dos seus mais pobres trabalhos artísticos, caindo no facilitismo da saturação cromática, dos filtros e de um cinzentismo atroz, que suja e ofusca o eventual esplendor do design de produção e da mise en scène. O melhor do filme são mesmo os actores: Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson dão cada vez mais de si, conferindo profundidade às suas personagens. Michael Gambon conquista o seu lugar enquanto Albus Dumbledore e Jim Broadbent é um memorável Horace Slughorn, como aliás já são, por tradição, todas as adições ao elenco ditas secundárias.
Após uma continuação tão desconexa, resta a esperança de que a saga não esteja nas mãos erradas... e condenada a um clímax inglório.
Nicholas Hooper distancia-se em demasia das sonoridades originais e o filme perde identidade. A música jamais se alia ao poder emocional das interpretações dos actores, despotenciando as cenas e lesando, irreversivelmente, o produto final. Tão-pouco a encenação é estudada, procurando arquitectar momentos icónicos ou minimamente marcantes. A linguagem é banal, como se se realizasse um episódio de uma série televisiva de terceira categoria, mas com um grande orçamento. Há pouco cinema, neste pedaço, e não esperaríamos isto de uma saga com o estrondoso impacto simbólico e cultural que Harry Potter alcançou, dentro e fora do circuito cinematográfico. Ainda para mais no ponto escaldante em que A Ordem da Fénix nos deixou; curiosamente, pelas mãos do mesmo realizador. Aqui tudo arrefece e os fait divers amorosos (que também constam do livro, é certo) ganham protagonismo sobre a história central e transversal aos vários filmes. Este desequilíbrio é um erro. E depois, sendo que todo este filme deveria preparar-nos para o seu trágico desfecho - para o adeus de uma das personagens mais queridas e importantes deste fantástico universo - O Príncipe Misterioso falha em apostar no elo entre o protagonista e o mártir, ausentando este último da maior parte da acção.
Bruno Delbonnel, criativo diretor de fotografia, pinta aqui um dos seus mais pobres trabalhos artísticos, caindo no facilitismo da saturação cromática, dos filtros e de um cinzentismo atroz, que suja e ofusca o eventual esplendor do design de produção e da mise en scène. O melhor do filme são mesmo os actores: Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson dão cada vez mais de si, conferindo profundidade às suas personagens. Michael Gambon conquista o seu lugar enquanto Albus Dumbledore e Jim Broadbent é um memorável Horace Slughorn, como aliás já são, por tradição, todas as adições ao elenco ditas secundárias.
Após uma continuação tão desconexa, resta a esperança de que a saga não esteja nas mãos erradas... e condenada a um clímax inglório.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comente e participe. O seu testemunho enriquece este encontro de opiniões.
Volte sempre e confira as respostas dadas aos seus comentários.
Obrigado.