quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

CINEMA PARAÍSO (1988)

PONTUAÇÃO: EXCELENTE
★★★★★
Título Original: Nuovo Cinema Paradiso
Realização: Giuseppe Tornatore
Principais Actores: Philippe Noiret, Jacques Perrin, Salvatore Cascio, Mario Leonardi, Agnese Nano

Versão do Realizador

Crítica:

UMA OBRA-PRIMA EM TRÊS ACTOS

Eis uma das obras maiores do cinema, sobre o cinema. Uma das obras mais «deliciosas» de que há e haverá memória.

A infância de Totó é a descoberta e o fascínio pelo cinema. A sua adolescência é a tentativa de fazer o seu próprio filme. Mas... «A vida não é como no cinema... é bem pior», diz-lhe Alfredo, numa das muitas cenas inesquecíveis. E esta é a frase-chave para entender as opções futuras de Totó, aconselhado pelo velho projeccionista do Cinema Paraíso: partir da cidade sem pensar voltar um dia, esquecer o amor por Elena, e seguir os seus sonhos, o seu dom especial para conceber cinema, fazendo assim sonhar um mundo inteiro, inspirando gerações inteiras, com os seus filmes. «A vida não é como no cinema... é bem pior». Se tivesse ficado na cidade em que nada acontece, jamais o teria feito, teria provavelmente lutado e sofrido a dureza de um amor impossível, trabalhando como projeccionista num cinema que um dia cairia sob o domínio da caixa mágica, do televisor, e da era do cinema em casa.

A minha dúvida é a de todos. Até que ponto é que Alfredo, «o velho maluco», não acabou também por provocar a infelicidade pessoal de Totó? «Nunca concordarei com ele, nunca», diz Totó, perto do final. Afinal, o protagonista nunca viveu o seu próprio filme em detrimento dos muitos outros que fez. Uma coisa é certa: graças a Alfredo, Totó saltou da plateia para a tela do cinema e eternizou-se.

CINEMA PARAÍSO
é, por tudo isto, um hino e uma homenagem à arte maior do cinema. Um filme excelente, de muito bom humor, com uma realização inspiradíssima de Giuseppe Tornatore. Espontanea e perfeitamente protagonizado pelo pequeno Salvatore Cascio e depois por Marco Leonardi e por Jacques Perrin e sem esquecer o grande nome de Philippe Noiret. O elenco é maravilhoso. Destaques especiais para a montagem do filme e para uma das suas almas maiores... a banda sonora composta pelo génio imenso de Ennio Morricone. Em suma, um dos melhores filmes de sempre.

15 comentários:

  1. Adoro este filme. Mas ainda não vi aversão do realizador, tenho o DVD lá em casa, mas são tantos filmes e tão poucos os dias do ano :-D

    cine31.blogspot.com

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  2. Já vi ambas as versões e acho que a versão do realizador é bem diferente principalmente na parte final, afinal de contas são quase mais 60 minutos de filme.

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  3. ROBERTO: Há aqui qualquer coisa que me escapa. Dizes que a metragem suplementar da versão do realizador só serve para completar cenas???
    Eu depois de ver a segunda e definitiva versão nunca mais quis ver a primeira. Pela simples razão de que todo o "processo" de tentativa de retorno ao primeiro e único grande amor da adolescência do protagonista está totalmente ausente da 1ª versão. A própria actriz que encarna a personagem de Elena na actualidade (Brigitte Fossey) só aparece na segunda versão. Ou seja, a "resolução" do romance de juventude só nesta versão é abordada, contendo a grande maioria do tempo extra.
    "Cinema Paradiso" é um belo filme. Mas "Nuovo Cinema Paradiso" (ou a versão do realizador) é uma obra-prima completa

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  4. CINE31: É um filme magistral e que dirá sempre tanto a um verdadeiro cinéfilo. A versão do realizador é a mais completa, recomendo.

    ÁLVARO MARTINS: Sem dúvida, um dos grandes filmes da minha vida.

    AU CHOCOLAT: Provavelmente. Tenho que rever. Vi a Versão do Realizador tempo depois de ter visto a original, não fiquei com a ideia de alterações ou acréscimos fundamentais. Tenho que rever.

    RATO: Terás razão, provavel ou certamente. Já não me lembro muito bem da primeira versão e já escrevi isto há muito tempo, não tinha ficado exactamente com essa ideia. Tenho que rever este filme apaixonante ;) Pelo sim, pelo não, retirarei a nota de rodapé à qual aludes. Que obra-prima, hein? Aqui estamos de acordo ;)

    Cumps.
    Roberto Simões
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  5. É uma delícia, uma experiência enternecedora e ao mesmo tempo poderosa, profunda. Gostei.

    Curiosamente não era o que esperava (se é que esperava alguma coisa), é sempre inevitável carregar-mos expectativas. Mas no final gostei bastante, toda a história, o seu desenvolvimento e os diálogos são primorosos. A sensação de intemporalidade respira-se constantemente.

    Destaco a banda sonora (magnífica), o argumento (pois então!) e as interpretações a nível geral (muito boas). Em suma, um filme que será para rever.

    abraço

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  6. JORGE: Para rever eternamente, diria mesmo ;)

    Cumps.
    Roberto Simões
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  7. Quando o vi adorei, um filme que irá ficar na minha memória para sempre (aquela cena final, que delícia)... Tenho de salientar que prefiro a versão original, pois para mim o que me cativava no filme era a amizade entre Alfredo e Toto, pouco me interessava se o protagonista se voltava a reencontrar com a "amada" ou não.

    Filme 5 Estrelas

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  8. LUÍS SILVA: Curioso, preferires a versão original. Voltarei a rever o filme em breve, é daqueles filmes aos quais torno sempre, uma e outra vez. É um pedaço de cinema especialmente saboroso para todos os cinéfilos, creio. Nostálgico para todos.

    Cumps.
    Roberto Simões
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  9. O 1º que vi foi o Original (não sei se isso influencia a minha escolha), para mim tem um final mais "confortante", pois quando vi a versão de realizador estragou um bocado a magia que o filme tinha, não gostei nada de saber que a Elena tinha casado com o amigo do Toto, não gostei nada de saber que foi por causa do Alfredo que eles não se voltaram a encontrar... Para mim eles com aquela conversa no carro estragaram toda a reputação que o Alfredo tinha na vida do Toto.
    É a minha opinião nada mais :P

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  10. LUÍS SILVA: É curioso. É precisamente esse final, em que se sabe que foi o Alfredo a decidir aquele destino, que aprecio particularmente. Não fosse a intervenção de Alfredo e talvez Toto nunca se tivesse tornado realizador, contribuindo para fazer sonhar tantas outras pessoas. Não é uma opção fácil de compreender, mas é a que declara, de forma irrepreensível e inequívoca, a homenagem maior ao cinema que todo o filme constitui.

    Cumps.
    Roberto Simões
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  11. É este o problema de haver 2 versões do mesmo filme, cada um tem o seu preferido dependendo, creio eu, da sua experiência de vida ou dos seus gostos pessoais =D

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  12. LUÍS SILVA: Tenho é que rever o filme, talvez nas duas versões ;) Estou saudoso.

    Cumps.
    Roberto Simões
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  13. Desta vez dou-te toda a razão, Roberto! E reforço o meu comentário anterior de 2 de Setembro.
    Na verdade, é a revelação de toda a "culpa" de Alfredo que torna o filme verdadeiramente sublime. É essa "culpa" que, como muito bem dizes, se encontra na origem do sucesso profissional de Toto. A contrapartida que ele teve de pagar por isso - a solidão e o desencanto amoroso - é a outra face da moeda. Mas não é verdade que as opções são uma realidade da vida? É certo que a opção de Toto foi uma opção forçada e induzida mas isso só vem majorar todo o amor de Alfredo pelo seu menino. E até aquele fabuloso final tem um significado muito mais forte face à "traição" de Alfredo, redimida pela colagem de todos aqueles pedaços de filme.

    O Rato Cinéfilo

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