quarta-feira, 3 de agosto de 2011

HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN (2004)


PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Harry Potter and the Prisioner of Azkaban
Realização: Alfonso Cuarón
Principais Actores: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Gary Oldman, David Thewlis, Robbie Coltrane, Michael Gambon, Alan Rickman, Maggie Smith, Tom Felton, Emma Thompson, Timothy Spall, Julie Christie, Julie Walters


Crítica:

A LUZ E AS TREVAS

Mysterious thing, time.

Entre ratos, lobos e assustadores dementors, eis que a saga Harry Potter respira ar fresco pelas mãos do talentosíssimo Alfonso Cuarón. Fazendo jus às qualidades intrínsecas à própria narrativa de J. K. Rowling, a fantasia densifica-se, emerge ainda mais nos seus segredos, pisa o terror e transforma-se em algo inegavelmente mais negro.

Envolvente e apaixonante, todo o storytelling desenvolvido por Steve Kloves. Descolando-se de quaisquer condicionamentos maiores, inerentes à adaptação, o argumento flui finalmente a um ritmo próprio, saboreando a essência de cada episódio e edificando um desejável efeito de coesão e de surpresa até ao clímax. A forma como o filme trata o tempo, nomeadamente, é de uma habilidade notável, superando-se no twist.

Cuarón explora magistralmente a atmosfera da história, gélida e sinistra, mas também o espaço: primeiramente, a Londres nocturna e os seus fantasmas - a viagem no autocarro louco, pelas ruas da cidade, é completamente alucinada e electrizante, contrastando com o universo mágico e paralelo, interdito aos muggles, aqui dotado de uma beleza visual quase lírica e poética. Depois e especialmente, Hogwarts e arredores, por meio dos quais traz a história para o exterior, para fora dos corredores meio-iluminados da fortificação. Deslumbrante e romântica, a propósito, a sequência do vôo no hipogrifo, onde a fotografia (Michael Seresin) e a composição musical (do lendário John Williams) se combinam perfeitamente. A câmera do cineasta lança um novo olhar sobre a trama e sobre as suas personagens - um olhar mais maduro e pessoal, provalvelmente mais autoral, estilisticamente mais refinado e sobretudo mais sensível às subtilezas dramatúrgicas e à progressiva perda da inocência, que é um tema central em Harry Potter. Por outro lado, o facto dos alunos terem abandonado as fardas, por exemplo, aproxima imediatamente a narrativa da contemporaneidade, preparando terreno para os capítulos sucessores. Os efeitos digitais aliam-se a todo o design de produção na concretização de um mundo ainda mais pormenorizado, sofisticado e, também por isso, mais credível.

No elenco... Gary Oldman, David Thewlis, Robbie Coltrane, Michael Gambon, Alan Rickman, Maggie Smith, Emma Thompson, Timothy Spall... um elenco de luxo com prestações ao mesmo nível, cristalizando uma essência sólida. O trio de protagonistas - Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint -, revela, por fim, trabalho e talento adicionais, para além do carisma infantil que lhe conhecíamos.

Este terceiro filme é, talvez por tudo isto, um dos mais maravilhosos da saga, cinematograficamente mais gratificantes e memoráveis. Absolutamente brilhante.

5 comentários:

  1. Até à data (falta-me o último) é o meu favorito

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  2. Mas sem sombra para dúvidas: o melhor da saga.

    Detestei o Radcliffe neste filme, e lamento que a rivalidade com o Malfoy tenha sido ridicularizada.
    De resto, excelente proposta, gosto muito, e Cuarón realiza muito bem.

    Ah e grande, enorme Gary Oldman ;)

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  3. LOOT: Um dos meus favoritos.

    RUI FRANCISCO PEREIRA: Como disse ao Loot, um dos meus preferidos. Durante alguns anos só tinha assistido aos primeiros quatro filmes, e sem dúvida era o meu preferido, se bem que agora ao rever todos redescobri um grande filme n'A CÂMARA DOS SEGREDOS. Contudo, Yates fez quanto a mim filmes inesperados, sobre os quais me debruçarei em breve. Não detestei o Radcliffe, penso que de forma geral foi melhorando ao longo da saga. Cuarón e Oldman merecem os nossos destaques, sem dúvida.

    Roberto Simões
    » CINEROAD «

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  4. Também é bem capaz de ser o meu preferido de toda a saga, e um dos melhores indiscutivelmente. A fotografia, a banda sonora e o cgi fazem do filme um produto muito bem limado, digamos, sendo que em conjunto perfazem cenas inesquecíveis (a do hipogrifo é um exemplo).

    Talvez mesmo o primeiro e o que distancia mais (em toda a saga) dos livros, em que se nota alguma criatividade e frescura na realização e onde o argumento é muito bem adaptado.

    abraço

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  5. JORGE: Mostro-me inteiramente de acordo.

    Roberto Simões
    » CINEROAD «

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