sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

«AS INCONTESTÁVEIS» #15

obra-prima, s. f.
1. Obra primorosa, perfeita, das primeiras no seu género.
2. A melhor obra de um autor.

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Ana Alexandre, autora no blogue Split Screen:O Meu Vizinho Totoro (1988), de Hayao Miyazaki
A Vida É Bela (1997), de Roberto Benigni
Voando Sobre um Ninho de Cucos (1975), de Milos Forman
Na Sombra e no Silêncio (1962), de Robert Mulligan
O Padrinho (1972), de Francis Ford Coppola

5 das Incontestáveis Obras-Primas
de Samuel Andrade, autor do blogue Keyser Soze's Place:
Rashômon - Às Portas do Inferno (1950), de Akira Kurosawa
2001: Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick
Tempos Modernos (1936), de Charles Chaplin
O Último Ano em Marienbad (1961), de Alain Resnais
Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola

Quem contesta?

12 comentários:

  1. Antes de comentar as minhas escolhas (fá-lo-ei em breve), duas notas muito especiais: o imenso gosto que tenho em partilhar as minhas escolhas com as da Ana Alexandre, e o meu agradecimento ao Roberto pelo convite que me endereçou para participar nesta excelente e, felizmente, polémica iniciativa.

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  2. Oh Roberto, que grande companhia que me foste dar :) (e eu que até a adivinhei, hem?). E claro, obrigada pelo convite.

    Eu podia fazer aqui um texto enorme sobre as minhas escolhas, mas a verdade é que quando as fiz apercebi-me do que tinham em comum: o facto de pegarem num tema que já foi abordado de milhentas maneiras diferentes e conseguirem torná-lo quase novo. Isto aliado a outras grandes qualidades a nível de realização, fotografia, animação...

    A verdade é que se podem usar muitos critérios diferentes, obviamente também aqui está o gosto pessoal, mas alguns dos filmes que mais aprecio não figuram nesta lista simplesmente porque não os considero obras-primas incontestáveis. Se fizesse hoje esta lista teria de substituir o "A Vida é Bela" por "Os Condenados de Shawshank" (oh não, mais um americano... o horror... a tragédia... pronto, já passou).

    Apesar de ser grande fã da animação Disney e Pixar continuo a achar que ninguém faz animação como o Miyazaki. O resto penso que fala por si.

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  3. Da Ana, só não conheço "O Meu Vizinho Totoro"... quanto aos outros estou de acordo em serem considerados obras-primas.

    Do Samuel, Rashômon - Às Portas do Inferno e O Último Ano em Marienbad não conheço.
    2001: Odisseia no Espaço, Tempos Modernos e Apocalypse Now são também eles muito bons.

    Mas peso que os meus gostos pendem mais para a lista da Ana.

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  4. Finalmente alguém colocou o "Voando Sobre um Ninho de Cucos" :)

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  5. Ora bem, seguem as "justificações" :)

    Devo referir que a "reunião" destes cinco filmes baseou-se em três aspectos primordiais: o consenso que possuem na História e Crítica de Cinema; alguma dose de gosto pessoal; e que fossem demonstradores de que esta é uma pura arte visual, capaz de expressar emoções/raciocínios sem o recurso à palavra e, por isso, manifestações criativas totalmente únicas.

    E agora, obra-prima por obra-prima:

    RASHOMON — grande responsável por abrir o Cinema Japonês ao mundo ocidental e o meu filme favorito de Kurosawa. Narrativamente revolucionário, a opção de analisar um crime pela perspectiva dos quatros protagonistas, gerando quatro versões totalmente diferentes, é o toque seminal desta obra que hoje cativa espectadores da mesma forma que os atraía há 60 anos. A fotografia é uma das mais inovadoras da história da Sétima Arte e está para surgir o filme que não beba inspiração a RASHOMON. Por fim, as fabulosas interpretações de Toshiro Mifune e Machiko Kyo, de enorme profundidade psicológica, que transformam as suas personagens em objectos de imprevisibilidade e decepção ao longo de todo o filme.

    2001: ODISSEIA NO ESPAÇO — quem me conhece, sabe que esta escolha era obrigatória... :) Possuidor, simultaneamente, das imagens e ideais mais hipnóticos que o Cinema já testemunhou, o filme de Kubrick arrebata pela sua abordagem realista à ficção-científica, expõe tremenda tensão pautada apenas pelo som dos aparelhos de respiração usados pelos astronautas e o seu argumento metafórico, à mercê de diversas interpretações, é exímio na capacidade de nos transformar a todos em "espectadores emancipados".

    TEMPOS MODERNOS — Enquanto principal figura da pantomima no Cinema, Chaplin exibe aqui um magnífico tour-de-force performativo (que, por si só, justificaria o estatuto de obra-prima), explorando temáticas que nunca pareceram tão actuais como hoje e tem um dos finais mais belos de sempre. A comédia, um dos primeiros géneros da Sétima Arte, é brilhantemente tratada com o drama e romance presentes no argumento e, enquanto cinéfilo, quem poderá resistir ao facto de se ouvir, pela primeira vez, a voz do Little Tramp? Inesquecível.

    O ÚLTIMO ANO EM MARIENBAD — talvez o "filme cinematográfico" por excelência. Resnais investiga os mistérios da memória, contando uma história quase banal recorrendo à mais arrojada narrativa não-linear (realidade, fantasia e especulação romântica conseguem fundir-se numa única cena, monólogos interiores ecoam pelos corredores do palácio onde a acção acontece) e de uma fulgurante direcção de fotografia que reflecte os sentimentos e as emoções do casal protagonista. Tudo é possível em MARIENBAD... excepto não ficarmos presos ao ecrã.

    APOCALYPSE NOW — nenhum título, antes ou depois, conseguiu representar tão eficazmente aquele velho ditado «a guerra é um inferno». Mas Coppola vai mais longe, e aqui a guerra não é um, é O inferno. A angústia do ser humano num conflito incompreensível expressa-se pela audácia, assombro — a fotografia é exímia em suscitar estados de espírito — e apelo às nossas convicções pessoais que as imagens provocam. Para além disso, ninguém mais ouvirá do mesmo modo a Cavalgada das Valquírias depois de ver este filme.

    Penso que é mais ou menos isto. E desculpem se me "entusiasmei"...

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  6. Finalmente alguém cita "...Marienbad"!!

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  7. Mais uma interessante lista.

    Padrinho, A Vida é bela, 2001, o de Chaplin e o Apocalipse Now são escolhas tamanhas realmente. O resto ainda por ver...

    Well done, guys!

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  8. Aww além de adorar as escolhas, acho imensamente engraçado o parceiro que lhes calhou em sorte.

    Duas listas interessantíssimas e cheias de valor.

    Cumprimentos,

    Jorge Rodrigues

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  9. Comentando as escolhas: da lista da Ana só não conheço o filme de Mulligan, de resto só talvez o filme de Benigni se aproxime do conceito de obra-prima. Da lista do Samuel, não conheço ainda o filme do Resnais; de resto, talvez seja mesmo uma das mais incontestáveis listas desta iniciativa.

    Obrigado a todos pela participação!

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  10. Bem, a lista dos "para ver" cada vez mais está maior! :p Gosto de ver aí "A Vida é Bela" e "Apocalypse Now"; e já agora, quero em breve conhecer o cinema de Kurosawa e ver "Tempos Modernos"!

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  11. A lista da Ana é bastante interessante, contém filmes que ainda não tinham sido abordados nesta iniciativa. De todos só não vi o do Miyazaki, mas estará provavelmente para breve, como aliás estarão mais do realizador.

    Concordo sem sombra de dúvidas com A Vida é Bela, magnífico trabalho de Benigni. Também com O Padrinho, que é um filme intemporal na sua forma completa, complexa e tocante ao mesmo tempo.

    Em relação ao Voando Sobre um Ninho de Cucos não o considero uma obra-prima, longe disso até. Propicia grandes momentos, contém uma mensagem importante e tem grandes interpretações, mas não lhe vejo qualidades suficientes para ambicionar tal patamar. O mesmo acontece, de forma semelhante, com o To Kill a Mockingbird (não conhecia a tradução para português), muito embora goste bastante deste filme. Emocionante e muito desenvolvido dentro da sua premissa inicial.

    Da lista do Samuel concordo plenamente com Rashomon e 2001. Nada a dizer, grandes filmes, momentos únicos na história do cinema.
    Apocalypse Now e Tempos Modernos não me parecem obras-primas. Ainda que perceba os dois, e provavelmente serei eu dos únicos a dizer isto, mas a verdade é que os filmes, em especial o do Coppola, não me atingiram convenientemente. Gosto do filme do Chaplin apesar de tudo.
    O do Resnais nunca vi.

    abraço

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