★★★★
Título Original: Coeurs
Realização: Alain Resnais
Principais Actores: Sabine Azéma, Isabelle Carré, Laura Morante, Pierre Arditi, André Dussollier, Claude Rich, Lambert Wilson
Crítica:
UM NEVÃO DE SOLIDÕES
Um branco nevão cai sobre Paris, intensamente. Seis corações procuram o amor, mas o frio é, ainda que metaforicamente, um puro entrave às relações. O passado assombra-lhes a existência presente, a identidade do hoje, e incapacita-os para a autenticidade e para a naturalidade com que uma relação deve ser encarada e vivida.
O novelo: Thierry (André Dussollier) é um agente imobiliário de meia-idade, um tanto ou quanto deprimido e frustrado tanto profissionalmente como pessoalmente, que se convence de que a colega de trabalho, Charlotte (Sabine Azéma), uma devota da Bíblia, o seduz por meio de sessões de striptease, escondidas em gravações de programas religiosos que tão gentilmente lhe empresta. Mas o carácter de Charlotte é mesmo ambíguo. Após o trabalho, e entre rezas múltiplas, cuida de um idoso acamado e insuportável, que faz a vida negra a todas as senhoras que o filho contrata para cuidar dele. O filho, de nome Lionel (Pierre Arditi), serve ao balcão de um bar esteticamente moderno e é o ouvinte de um alcóolico diário: Dan (Lambert Wilson), acabado de arruinar um noivado com Nicole (Laura Morante) e perdido em mentiras para tentar conquistar Sophie (Isabelle Carré), filha de Thierry. Perdão, o nome da deslumbrante rapariga é Gaëlle. Afinal, também mente aqui e ali com vista a agradar num primeiro encontro.
Os corações das várias personagens cruzam-se, aproximam-se ou afastam-se, mas jamais se unem. A história revela, pois, pouca frescura, apesar de uma condução magistral da narrativa, dotada de uma sobriedade e maturidade invejáveis, de uma arte de filmar graciosa e de interpretações fabulosas e muito bem dirigidas. Tecnicamente, a direcção artística é arrojada, a fotografia de Eric Gautier é belíssima e com um cuidado cénico de pormenor, a composição musical de Mark Snow é magnífica e assim é, igualmente, a excepcional montagem de Hervé de Luze. Aprecio imenso o tom melancólico de toda a obra e os indícios de comédia que, aqui e ali, se harmonizam com o todo.
Concluindo: um filme irrepreensivelmente bem feito, de facto, mas desde logo condicionado pela previsibilidade do argumento e, porventura, pela sua falta de inspiração.
Os corações das várias personagens cruzam-se, aproximam-se ou afastam-se, mas jamais se unem. A história revela, pois, pouca frescura, apesar de uma condução magistral da narrativa, dotada de uma sobriedade e maturidade invejáveis, de uma arte de filmar graciosa e de interpretações fabulosas e muito bem dirigidas. Tecnicamente, a direcção artística é arrojada, a fotografia de Eric Gautier é belíssima e com um cuidado cénico de pormenor, a composição musical de Mark Snow é magnífica e assim é, igualmente, a excepcional montagem de Hervé de Luze. Aprecio imenso o tom melancólico de toda a obra e os indícios de comédia que, aqui e ali, se harmonizam com o todo.
Concluindo: um filme irrepreensivelmente bem feito, de facto, mas desde logo condicionado pela previsibilidade do argumento e, porventura, pela sua falta de inspiração.
Gostei mais do último Les Herbes Folles, mas este não deixa de ser um grande filme. É Resnais e está tudo dito.
ResponderEliminarÁLVARO MARTINS: Quero muito vê-lo, LES HERBES FOLLES. CORAÇÕES é um filme muito bem feito, mas falta-lhe mais argumento, falta-lhe golpe de asa, falta-lhe originalidade. Não o considero um grande filme só por ser de Resnais. É um bom filme, mas, em si, não é nada de extraordinário.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Roberto, isso que lhe falta é o que o impede de chegar à obra-prima como chegou o Marienbad ou o Hiroshima ou o Muriel. Mas só a maneira de filmar, as cores e as luzes de Resnais fazem de Coeurs um grande filme, na minha opinião ;)
ResponderEliminarÁLVARO MARTINS: Pois, é curioso. Porque vejo a mestria, vejo esse cuidado cénico, estético... no entanto, não o consigo considerar um grande filme.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Comprei há pouco tempo 'Coeurs', e mais recentemente comecei a vê-lo, mas fiquei-me pelo início. Contudo, pelo que vi, concordo com a falta de rasgos de originalidade narrativa, mas gosto especialmente daquele toque cuirosíssimo que Resnais imprime em cada personagem, um toque de simplicidade humana delicioso. Quando acabar de o ver dou-te o meu veredicto.
ResponderEliminar(Já agora, não me sabes dar mais informações sobre a 're-estreia' de Avatar em 3-D?)
Cumprimentos,
Gonçalo Lamas
cineglam7.blogspot.com
GONÇALO LAMAS: Parece, então, que estamos de acordo. Fico a aguardar o teu veredicto.
ResponderEliminarQuanto ao regresso de AVATAR aos cinemas, pouco mais se sabe. Deixo-te o link: http://www.avatarmovie.com/rerelease/
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
"Coeurs" é Cinema e do melhor. Aqui não há nada que enganar. E fez-me na altura matar as saudades que já tinha do Cinema de Resnais, desde o também magnífico "On Connait La Chanson".
ResponderEliminarMas também é claro que a obra-prima absoluta dele continua e continuará sempre a ser o "Hiroshima Mon Amour"
RATO: Não creio que seja cinema do melhor. Pode ter uma grande assinatura mas no final não é mais do que um produto acima da média. Quero muito ver o HIROSHIMA MON AMOUR, já estou para vê-lo há uns tempos. Talvez para breve.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «