★★★★★
Título Original: The Brown Bunny
Realização: Vincent Gallo
Principais Actores: Vincent Gallo, Chloë Sevigny, Cheryl Tiegs
Crítica:
A DOR E A VIAGEM
The Brown Bunny é um sensível, delicado e virtuosíssimo pedaço de cinema sobre o vazio, o silêncio e o sofrimento de um homem, acabado de presenciar um chocante e devastador acontecimento que lhe arruinou - para sempre - a memória de um grande amor e, por consequência, a vida.
O homem é Bud Clay. É corredor de motos, mas há corridas perdidas logo à partida. Daisy (Chloë Sevigny) abandonou-o e ninguém parece conhecer o seu paradeiro. As memórias de Bud recuperam-na, a todo o instante. Mas a sua dor existencial, perfeitamente transmitida tanto pela performance do actor como pela melancolia da arte de filmar (as perspectivas intensificam a solidão do protagonista para com o mundo, o focar e desfocar contrabalança o fluxo de mágoas e recordações, a proximidade física da câmera com o actor reflecte-lhe o estado de alma), leva-nos a crer que Bud não a quer encontrar. Bud é, portanto, um homem completamente dividido entre a vontade de encontrá-la e a vontade de nunca mais a encontrar. Entre o poder ou não aceitá-la novamente. Porque terá partido Daisy, afinal? Ninguém, excepto Bud, sabe ao certo. O mistério adensa-se, lentamente, ao longo de todo o filme, ao longo de toda a estrada, ao longo de toda a viagem. Bud procura-a noutras mulheres, mas nunca a encontra... Nunca encontra nada, nem sequer uma única esperança, nem sequer ele próprio. A paisagem é fria, nada acolhedora ou reconfortante. As cadências da montagem inebriam-nos, juntamente com as canções, o jogo de sons e com essa arte de filmar extremamente subtil. O final, fálica e sexualmente tão explícito, é absolutamente intenso, dilacerante e desolador... Deixou-me sem palavras.
Vincent Gallo é o actor, o realizador, o argumentista, o editor, o director de fotografia, o produtor... Vincent Gallo é o filme. É a prova de que tanto se pode fazer com tão pouco. Há quem mate um filme pelo preconceito... Quanto a mim, e sem sombra de qualquer dúvida, estamos perante um filme belíssimo e absolutamente magistral, pessoal e intimista, cujos principais recursos são o talento e a autenticidade.
A DOR E A VIAGEM
O homem é Bud Clay. É corredor de motos, mas há corridas perdidas logo à partida. Daisy (Chloë Sevigny) abandonou-o e ninguém parece conhecer o seu paradeiro. As memórias de Bud recuperam-na, a todo o instante. Mas a sua dor existencial, perfeitamente transmitida tanto pela performance do actor como pela melancolia da arte de filmar (as perspectivas intensificam a solidão do protagonista para com o mundo, o focar e desfocar contrabalança o fluxo de mágoas e recordações, a proximidade física da câmera com o actor reflecte-lhe o estado de alma), leva-nos a crer que Bud não a quer encontrar. Bud é, portanto, um homem completamente dividido entre a vontade de encontrá-la e a vontade de nunca mais a encontrar. Entre o poder ou não aceitá-la novamente. Porque terá partido Daisy, afinal? Ninguém, excepto Bud, sabe ao certo. O mistério adensa-se, lentamente, ao longo de todo o filme, ao longo de toda a estrada, ao longo de toda a viagem. Bud procura-a noutras mulheres, mas nunca a encontra... Nunca encontra nada, nem sequer uma única esperança, nem sequer ele próprio. A paisagem é fria, nada acolhedora ou reconfortante. As cadências da montagem inebriam-nos, juntamente com as canções, o jogo de sons e com essa arte de filmar extremamente subtil. O final, fálica e sexualmente tão explícito, é absolutamente intenso, dilacerante e desolador... Deixou-me sem palavras.
Vincent Gallo é o actor, o realizador, o argumentista, o editor, o director de fotografia, o produtor... Vincent Gallo é o filme. É a prova de que tanto se pode fazer com tão pouco. Há quem mate um filme pelo preconceito... Quanto a mim, e sem sombra de qualquer dúvida, estamos perante um filme belíssimo e absolutamente magistral, pessoal e intimista, cujos principais recursos são o talento e a autenticidade.
Vi-o há poucas semanas e fiquei decepcionado .... esperava mais.
ResponderEliminarNão é péssimo mas também não é óptimo.
Abraço.
http://vidadosmeusfilmes.blogspot.com/
Ainda não vi, tenho andado a ver o Berlin Alexanderplatz do Fassbinder que já há muito que o queria ver. Mas quando acabar de ver esta monstruosidade vejo este do Gallo.
ResponderEliminarBRUNO DUARTE: Pois bem, não poderei partilhar da mesma opinião. Surpreendi-me imenso com o filme. É, quanto a mim, uma obra sublime.
ResponderEliminarÁLVARO MARTINS: Vais gostar, certamente. Com tão pouco se faz tanto, neste filme. Incrível. O final é ufff...
JOÃO GONÇALVES: Obrigado ;) Espero que continues a gostar de as ler, mesmo quando discordar da tua opinião ahahah Estou a brincar. Obrigado. Como disse ao Bruno, surpreendi-me imenso com este THE BROWN BUNNY... arrebatou-me completamente. Começa de mansinho, magnetiza-nos... e depois no final desola até mesmo o espectador. Gostei imenso.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Ainda não vi este Brown Bunny mas está na lista. E mais uma opinião positiva reforça a vontade de o ver.
ResponderEliminarE é verdade, o Buffalo 66 é extraordinariamente bom!
Cumprimentos (I'm back :))
THE MOVIE MAN: Recomendo vivamente ;) Bem-vindo de volta.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Este ainda não vi, mas quanto a mim, Buffalo 66 é uma das obras-primas dos anos 90!
ResponderEliminarNEUROTICON: Da minha parte, ainda não vi BUFFALO 66, mas espero vê-lo o quanto antes. Este THE BROWN BUNNY, recomendo-o vivamente.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Nunca vi este filme mas ele é famoso por uma certa cena polémica (é vistosa realmente!), que curiosamente não vi ninguém referir. De certa forma parece que até acabou por ser um filme proscrito devido a isso e ao mesmo tempo eternamente famoso.
ResponderEliminarARM PAULO FERREIRA: Acho tremendamente injusto que se mate um filme por uma ideia preconcebida, polémica quanto baste, que ofusca tudo aquilo que o filme é e representa artisticamente. Por isso não dei muita expressividade ao final. Por acaso, pessoalmente, tive a sorte de nunca ter ouvido falar do final e fui completamente surpreendido no final. Acho que esse é um daqueles 'spoilers' que pode arruinar a experiência de assistir ao filme pela primeira vez. Grande filme.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Por isso não o descrevi. Right?
ResponderEliminarQuando passou no TVcine (curiosamente foi um daqueles poucos filmes que repetiu muito poucas vezes, tal como anos antes havia sucedido com o "In The Mood for love". Apenas me parece que passou durante madrugadas, por isso nunca o vi totalmente e com atenção... ou melhor apanhei apenas pequenas partes e do que vi achei-o árido demais (porém esse tal final é vistoso).
ARM PAULO FERREIRA: Right ;) Vale muito a pena.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Achei um filme interessante mas inferior ao Buffalo 66. E gostei bastante da cena dela a chupar o caralho.
ResponderEliminarAbraço