quarta-feira, 17 de novembro de 2010

AMARCORD (1973)

PONTUAÇÃO: EXCELENTE
★★★★★
Título Original: Amarcord
Realização: Federico Fellini
Principais Actores: Pupella Maggio, Armando Brancia, Magali Noël, Ciccio Ingrassia, Nando Orfei, Luigi Rossi, Bruno Zanin, Gianfilippo Carcano, Josiane Tanzilli, Maria Antonietta Beluzzi, Giuseppe Ianigro, Ferruccio Brembilla

Crítica:

AMARCORD
OU AS QUATRO ESTAÇÕES
DE UM UNIVERSO HILARIANTE


Se é verdade que a 7ª arte tem as suas maravilhas, Amarcord é sem dúvida uma delas. As memórias de Federico Fellini são o ponto de partida: a nostalgia dos tempos idos chega a Rimini que nem os licoperdons que anunciam a Primavera. É esse o segredo do título: Amarcord significa "eu recordo-me" e inscreve a omnipresença de Fellini-autor neste genial devaneio.

O universo daquela vila italiana é-nos dado a conhecer durante quatro estações: é genuinamente hilariante, repleto de situações grotescas e burlescas (capazes de arrancar o riso a qualquer um) e riquíssimo em personagens memoráveis: Titta (à frente da juventude eferverscente e libidinosa), o seu pai (ignorante e violento), a sua mãe (defensora e preocupada dona-de-casa), o seu tarado e peidoso avô, o seu tio demente, o acordionista cego, Biscein (o mentiroso compulsivo) Gradisca (a glamourosa mulher-desejo), Volpina (a prostituta ninfomaníaca), a mamalhuda da tabaqueira... a mistura é tão improvável que resulta numa das maiores comédias de todos os tempos. O argumento (da autoria de Fellini e de Tonino Guerra) é original e arrojado na sua construção e serve os propósitos da paródia: sátira à política (veja-se, por exemplo, a ridicularização da figura do duce e do regime fascista), à educação (notem-se o castigo e a memorização como ferramentas essenciais à aprendizagem, assim como o recalcamento sexual ou a standardização) à religião, à família e aos costumes. A provocação autoral rende-se, com ousadia e frontalidade, ao despudor da nudez e das formas femininas, da masturbação ou do acto de urinar.

Da abertura ao desfecho, venha sol, neve ou nevoeiro, a magnífica banda sonora de Nino Rota confunde-se com a alma, vitalidade e fascínio do filme. Cenas inesquecíveis? Mais que muitas: o episódio do tio sobre a árvore, aos gritos: voglio una donna!, as discussões à mesa, em casa de Titta, o aparecimento do pavão, as fabulações oníricas, o casamento, no final... Enfim, o filme é todo ele construído com sequências atrás de sequências maravilhosas. Amarcord não é senão, pois, uma obra-prima absoluta. Uma dança fluída de nostalgia em alegria, de rara beleza, que viverá para sempre.

6 comentários:

  1. Foi o primeiro filme que vi do Fellini. Talvez por isso tenha um carinho especial por ele, pela nostalgia que emana. Hilariante, neo-realista, nostálgico e poético. Obra-prima.

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  2. ÁLVARO MARTINS: Também foi o meu primeiro. 'Hilariante' e 'nostálgica' são mesmo os melhores adjectivos para classificar esta obra-prima.

    CIRO HAMEN: Mesmo! ;) Que mais pensa do filme de Fellini?

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  3. Surpreende-me! Vou ter de procurar o filme! :D

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  4. Eu lembro de ver este filme, ainda com meus 8 anos de idade...

    Ali, tudo fez sentido...

    Eu precisei revê-lo em 2003, pra ter como base um seminário de Fellini que concebi na faculdade, foi muito bom, depois te mando os slides que fiz - aliando cenas do filme com poesias e citações das falas dos personagens.

    De fato ele tem um tom nostálgico, bem sentimental, muito bom!
    Abraço

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  5. TIAGO RAMOS: Sim, recomendo-o vivamente. Para mim, é das maiores obras-primas de todos os tempos. Hilariante! Genial!

    CRISTIANO CONTREIRAS: Verdade? Gostaria bastante de ver esses slides. Trata-se de um filme maravilhoso. Adorei, sinceramente.

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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